domingo, 20 de janeiro de 2013

As fábulas foram banidas...

por Ricardo Gnecco Falco

Terminando este ciclo de posts sobre o curso "O escritor e o mercado editorial - Caminhos para a publicação", organizado pela Estação das Letras aqui no Rio de Janeiro, foi a vez de conhecer um pouquinho sobre a Manati Produções Editoriais e sua editora chefe, a Bia Hetzel.
Muito atenciosa e simpática, brindou a todos os participantes (uma sala completamente lotada no andar de cima da livraria, no Flamengo) com vários exemplares de obras da editora, especializada em belíssimos livos (de muito sucesso!) destinados para crianças e jovens, além de abrilhantar-nos com a presença de sua fiel escudeira, e responsável pelas ilustrações de grande parte das obras que tínhamos em mãos, a designer Mariana Massarani.
Contou-nos sobre o histórico da editora e de sua vida, e logo transformou em redundância o início desta frase... Depois, deixou bastante espaço para as dúvidas e perguntas dos aspirantes a escritores e editores que populavam a última das 3 aulas definidas.
Lembrou e deixou no ar a reflexão referente a esta atual onda do "politicamente correto", como a polêmica à respeito de obras de autores como Monteiro Lobado. Disse que os livros para crianças não podem mais ser "moralistas", no sentido de não poderem mais possuir uma "moral da história" (vide editais do governo), tão importante para o público leitor ao qual a maior parte de seus livros é destinada. 

Valores morais (benignos e necessários às crianças) sendo confundidos com preconceitos (no sentido de preconceituosos).

Destaco que o mais interessante, sempre que temos a oportunidade de conhecer o humano por trás da "marca" (empresa), a pessoa física por trás da pessoa jurídica, é podermos exatamente "re"conhecer esse lado humano; perceber a paixão que sempre (e)leva a arte do que fazemos a um grau impensado de destaque; ao belo...
Realmente, fazer o que gostamos de fazer não é para qualquer um. É somente para os melhores; que, como na propaganda do antigo biscoito, são melhores porque fazem o que gostam ou fazem o que gostam porque são melhores? 
Bonito conhecer a história deste reconhecimento... Na figura de uma senhorinha em uma palestra dada para "burros velhos", na concepção da própria senhora, do interior paulista, onde idosos analfabetos decidiram, após tanto tempo e contrariando tantas prerrogativas, criar uma cooperativa para aprenderem a ler e a escrever. 
Fiquei imaginando a cena, como se a mesma aparecesse entre as muitas daquelas ilustrações dos livros que tinha em mãos... 
A velhinha chegando até a dona da editora após a palestra... A chamando num canto... E dizendo que ela, a criadora daquele(s) produto(s), não fazia a menor ideia do quanto que os mesmos representavam para aquela faixa esquecida da população de nosso país, para a qual aqueles livros, definitivamente, também não haviam sido designados... 
Livros de letras grandes, figuras grandes... Ótimos para "burros velhos" como aqueles, com muita dificuldade para enxergar as letrinhas pequeninas dos outros livros... E que, portanto, usavam aqueles livros ali; os mesmos que tinha então em mãos, para finalmente conseguirem realizar aquele grande sonho.
Livros e sonhos... Vida e arte... 
E as fábulas... Assim como a vida, sempre com os seus próprios mistérios...


Paz e Bem!

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