quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O Mercado Editorial hoje - Uma enorme bolha, prestes a estourar!


Dando continuidade ao post de ontem, sobre as aulas que estou tendo o prazer de assistir, aqui na Estação das Letras, no Flamengo, hoje foi a vez de conhecer Júlio Silveira, dono da Ímã Editorial e o responsável pela parte "digital" da ementa deste curso; uma enorme (e confusa) trilha que se estende diante (atrás, acima, abaixo...) do escritor que deseja entrar (logar?, plugar? ... ???) no atual Mercado Editorial (em nível mundial).
Foi uma verdadeira aula dinâmica, abrangendo desde os tempos medievais (como em "O Nome da Rosa"), passando pela Revolução Industrial e chegando até os dias atuais, numa Pós-Modernidade muito provavelmente já Pré-Revolucionária novamente... (!!!)
Como não poderia deixar de ser, o editor (e também contista! - eu não sabia!) já iniciou sua aula nos deliciando com uma apresentação gráfica, contendo todo este passeio histórico acima descrito, sempre enfatizando a tríade ESCRITOR - VEÍCULO/PROCESSOS - LEITOR, em cada uma destas "Eras". 
O mais interessante foi poder constatar que toda aquela história aprendida na faculdade (e lá se vão 15 anos, como estou velho!) de Comunicação Social (Jornalismo) sobre EMISSOR - RUÍDO - RECEPTOR pode ser perfeitamente encaixada com a tríade apresentada pelo Júlio hoje... E digo mais, nunca a palavra "RUÍDO" fez tanto sentido como nos tempos atuais, restringindo o quesito MENSAGEM (Emissor X Receptor) ao mundo do livro, apenas (o Mercado Editorial).

"Vivemos uma enorme bolha, prestes a estourar! E o que é pior... Não temos a menor noção de onde tudo isso vai parar (ou continuar)".

O fato é que não se sabe bem quando ou como (no sentido de para onde, ou até onde irá). Mas o Mercado Editorial, da forma que o conhecemos hoje, cedo ou "menos cedo", irá acabar. E o mais legal é que nada disto possui um sentido tenebroso, nem aquele tom Nostradamus apocalíptico catastrófico. Nem para o escritor e tampouco para os editores e editoras. Pelo menos não para os que não se trancarem em seus castelos (editores E/OU escritores).
A própria figura do leitor está em transmutação. Mudando gradualmente da mesma forma que os demais (escritores/editores/veículos). Foi interessante a reflexão feita em sala sobre o início da Era da TV, quando a mesma nada mais era do que um rádio com imagens, ligadas enquanto as donas de casa passavam suas roupas, num canto, apenas ouvindo as notícias. A programação, os formatos dos programas e tal... Tudo levou um tempo para deixar de ter aquela "cara" de rádio, até que as pessoas se acostumassem com as imagens e as possibilidades que aquele novo veículo trazia. Não seria hoje o mesmo que acontece com o (des)necessário "efeito de virar de página" dos e-readers e suas estantes virtuais "de madeira"? (rs!) Estamos, pois, nesta mesmíssima fase de transição... Real X Virtual. Nos acostumando...
E então nos foi dado, como "boa notícia", as inúmeras novas ferramentas disponibilizadas virtualmente. Verdadeiras pontes que aproximam cada vez mais o escritor de seus leitores. A facilidade da autopublicação, impressão por demanda, o ganancioso "convite" das Gigantes (Amazon e cia.)... Tudo isso colocando o seu texto, a sua mensagem, já embaladinha, formatadinha e arrumadinha, no exato nicho a qual a mesma pertença.
Como...?
Através das redes sociais, amigos... Ah, essas benditas redes sociais... Não se sabe para onde tudo isso vai, mas tudo isso está passando, neste exato momento, por estas benditas redes sociais... 

Inclusive, a própria forma de se contar uma história.

"Só" fui descobrir hoje (reparem como o "só" está entre aspas, caso você também venha a descobrir "só" agora, lendo aqui o que irei escrever) que o livro de maior sucesso do Universo em vendas, o famoso "50 Tons de Cinza", só existe por causa daquela - também famosa - saga vampiresca (Crepúsculo). 
"Só" hoje fui saber que a escritora deste campeão erótico de vendas
para moças de família só existe também porque existem as redes sociais. 
E "só" fui saber hoje também que o tal best seller nada mais é do que a própria Saga Crepúsculo.

Sim, isso mesmo... Só que numa versão, digamos... Mais hardcore.

"Só" hoje (meu Deus, como estou atrasado!!!) descobri que a autora da Saga Crepúsculo, por ser religiosa (Mórmon), não podia/pôde/quis escrever as - tão entaladas na garganta de seus leitores! - cenas de sexo entre a Bella e suas duas feras. Por isso a tal Saga é tão repleta desta tensão sexual, reprimida pelo menos até o casamento das personagens principais.

"Só" hoje (nããããããããão!!!) fui saber que, indignados, os leitores da Saga Assexuada, pelo mundo todo, se uniram - através destas benditas redes sociais - e começaram a dar seus "pitacos" aqui e acolá. 
Começaram a discutir sobre isto. 
Começaram a ESCREVER sobre isto... 
Escreveram, inclusive, as cenas que a própria autora do livro não podia/pôde/quis escrever!
Isso mesmo, seus atrasados... Caso vocês não saibam, foi um tal de vampiro sugando muito mais do que sangue, adolescente virgem sodomizando lobisomem, lobisomem mordendo vampiro... Uma loucura!!!
E eu NÃO soube dessa festança (crescente!) que acontecia nas benditas redes sociais! 

"Só" hoje é que fui descobrir que, dentre estes sacaninhas grupos de indignados leitores(as) de Crepúsculo, despontou a tal  autora do 50 Tons de Cinza que, também sob os "pitacos" de seus sacanas coleguinhas de grupo, a encorajaram a fazer um (ôpa!) troca-troca naquelas aguadas personagens da Saga. 
 E, assim, conforme "só" hoje fui saber, surgiu o 50 Tons de Cinza, que eu não li mais que, se você reparar bem, tem um CEO (bem) esquisitão de uma multinacional no lugar de um (hmm...) vampiro. Tem uma "inocente donzela" no lugar de Bella. E por aí vai...

Ou seja...

A autora pegou a propaganda da Sandy vendendo Toddynho e transformou na Alinne Moraes vendendo Devassa.

Tudo isso para dizer, leitor, que nesta enorme bolha prestes a explodir, está contido também o ESCRITOR, no formato tradicional que conhecemos e, consequentemente, a própria ESCRITURA(ato de escrever) dos livros do futuro.
Por que o livro só pode contar uma história? Por que não contar uma versão diferente para CADA NICHO de seu público? Por que o Edward não pode se chamar Christian? Ou ainda, porque o próprio leitor não pode mudar aquela parte; tirar esta; acrescentar uma outra; misturar com o que ele quiser/fizer/tiver?
E, por último...

Por que eu "só" fui saber de tudo isso HOJE!?!



;)

Abrax,

Paz e Bem!

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Penso que a "profissão escritor" tem seus dias contados, mas depois preparo um texto para explicar porque raios eu penso assim ;)

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  3. Eta mundo louco! Eu já tinha ouvido falar qualquer coisa sobre estes fóruns onde pessoas escreviam historias com personagens já consagrados, e inclusive estava dando certo problema por causa dos direitos autorais, este dos 50 tons, nao sabia.
    Ótimo post!

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    1. Oi, Adriana!
      Pois é... Bota louco nisso! (rs!) A própria concepção de "autoria" (e daí seus direitos) irá mudar bastante... Será que você é mesmo dona ( no sentido de ter posse) de "suas" ideias?
      Aliás, o que é a ideia? De onde ela vem? Por que as pessoas se "apossam" delas como se fossem ilhas desérticas pisadas pela primeira vez por seus belos pés?
      ...Muito doido, né!?
      Bjs, "vizinha"!
      ;)
      Paz e Bem!

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  4. Eu sabia dessas coisas sobre os 50 tons, simplesmente porque muitas amigas minhas (nada adolescentes)fazem questão de me informar... ¬¬

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    1. Bia, minha irmã fez um "resumão" do livro pra mim há pouco tempo, num dia de sol em que estávamos curtindo uma piscininha (e alguns "bons drink"). Ela inclusive leu a trilogia original, em ingles, pois morou muito tempo nos estranja, como diz a Martha...
      E lembro que ela comentou que havia achado "um pouco" inverossímil o tal do Christian, por quem todas as mulheres, claro, iriam se apaixonar...
      Um cara (muito) rico, (") bonito, (") educado, (") atencioso, (") perspicaz, (") jovem, (") influente, CEO... Enfim, um 007 ainda mais estilizado (trazendo p/ o campo masculino)... E que ainda puxava seu cabelo e te dava uns tapinhas na hora H... Quase um "ser" perfeito!

      ... Quero ver a cara dela quando eu contar quem é o tal do Mr. Christian de verdade! (rs!)

      Inclusive, pensando aqui agora com meus "botões"... Até o sobrenome do cara deve ter um duplo sentido... Pois, rima com o que, mesmo...?
      (rs!)

      ;)
      Abrax!

      E valeu pela visita!

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